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Posicionamento


O fato de uma escolhar anular respectivamente a outra, não seria uma novidade. Steve Beckman afirmou: "Você faz suas escolhas, e suas escolhas fazem você", e nessa afirmação fica mais que explicito o peso de responsabilidade que nós temos ao tomarmos uma atitude ou outra.

"Se você não sabe onde está indo, qualquer caminho serve" - disse Shakespeare em seu Menestrel. Para quem se enquadra nessa afirmação, conhecer mais, ou menos, não importa; se o caminho que contorna a montanha é mais seguro do que aquele que a corta pelo meio, para essa pessoa tal fato não faria a menor diferença, uma vez que para ela qualquer lugar serve.

No entanto, para os demais que por algum motivo sentem-se inclinados a contornar a montanha, não será qualquer caminho que servirá. Antes, ele terá que conhecer, analizar, se posicionar e caminhar.

Com o que chamamos de "Realidade" ou de "Mundo real", tal alusão seria também verdadeira: Para se chegar a um destino final, ou contornar um obstáculo em nossa existência, o fator "conhecimento" é de ordem primordial.Todavia, se houvesse apenas uma única ideologia ou "verdade" a ser conhecida e estudada, nosso trabalho seria menos penoso. Quem se arriscaria a concordar?Como por exemplo: Que poderiamos dizer da Teologia? Na "Ad litteris et verbis", ou seja, letra por letra, palavra por palavra, seria o Estudo (Logos) de Deus (Teo). Mas há uma problemática nesse conceito, já que Deus continua sendo um enigma e, inacessível, dado as limitações humanas. Não se pode apalpar, nem comprovar o divino, nem compreender o Absoluto, a não ser pela fé, que a tudo explica. Porém, se formos usar da fé, reconhecamos que todo e qualquer conceito ou dogma que vá contra nossa crença, advindo de outra concepção religiosa, não é em si um erro, mas também uma concepção de fé: diferente da minha, mas continua a ser fé.

Poderiamos dizer que Teologia é o estudo sobre a concepção humana acerca do Sagrado, pensamento quem me agrada. No entanto, também teríamos problemas aqui, uma vez que sabemos que não sabemos absolutamente nada sobre o pensar saber de Deus. Só poderíamos obter esse conhecimento como fruto de contextos histórico-culturais, por meio da interfaces hermenêuticas bio-psicológicas.

Outra forma de tratar nossas questões religiosas consiste em olhar "ontológicamente" onde nossas doutrinas, dogmas e conhecimentos vieram absolutamentes de ''cima'', do além. Ou reconhecer "metaforicamente" que nos é vedado o conhecer sobre-humano. Reconhecemos que nem todos os conceitos vieram de cima, mas permanecemos usando mesmas palavras da ontologia apenas para mantermos toda uma realidade social já existente.

Juntamente, podemos partir para a interpretação crítica de nossos conceitos, ou apenas reproduzirmos o que nos é dito, como um "papagaio". Crer na Ortodoxia (a bíblia é a palavra de Deus), no Liberalismo ( contém a palavra de Deus ), ou na Neo Ortodoxia ( se transforma na palavra de Deus), como afirmação sobre a verdadeira Palavra de Deus. Nos questionamos sobre a diferença entre Inpiração (meio até a revelação), Revelação (objeto da comunicação divina) e, Iluminação (sensibilidade espiritual), ou simplesmente nos tornarmos apáticos.Podemos encontrar relevância no Evangelho ou não. Aceitar a loucura da cruz de Cristo, por observação crítica, por estudo aprofundado, que é descrita pelo Apostolo Paulo em 1 Coríntios ou abraçar uma postura de leigos fanáticos espirituais que seguem a fé Cristã por imposição ou por tradição, repetindo meia dúzia de palavras bonitas proferidas pelo pastor no domingo pela manhã - não que as palavras pastorais sejam ineficientes, questiono simplesmente a reprodução impensada de tais palavras.

Optar, podemos, em decidir por levar a sério as palavras do Filho de Davi em Eclesiaste, quando este discursa sobre a grande inutilidade de todas as coisas ou simplesmente considerarmos o produto final da vida como algo inesperável, como se nunca fosse acontecer, vivendo assim sem foco, sem moral, sem ética ou razão.

E depois de toda essa análise, nos posicionaremos para assim nos colocarmos a caminho. É um caminho sem volta, e nele, ou vamos por um lado ou para o outro. Não há meio termo. Não há como sair a mesma pesssoa lá no final. E tudo isso vai depender de nosso posicionamento inicial.


"Não há limites para a produção de livros, e estudar demais deixa exausto o corpo. Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o essencial para o homem." (Ec 12.12-13)

Uma questão de "Equilíbrio"




O processo de aprendizado deve ser encarado com muita seriedade e equilíbrio.


Aprender novas matérias requer disciplina e esforço. Disciplina para que se mantenha um ritmo constante e profundo de aprendizado, e esforço para que se mude conceitos e verdades, até então, absolutas em sua ignorância.


No entanto, se essa seriedade fruto da disciplina e do esforço não for acompanhada pelo equilibrio, um dos lados da balança pesará mais que o outro, tendendo assim ao fanatismo, consequencia do extremismo.


Fazer teologia, no pouco que ainda sei e um pouco diferente do que eu pensava, não se limita ao estudo da Revelação de Deus ao homem e a oração simplesmente, mas ao conjunto de reflexões no campo da antropologia, sociologia, história, psicologia e filosofia, equilibrados pelas práticas relacionadas a fé.


Muito conteúdo é passado numa sala de aula e, em especial, na teologia, as informações geralmente são profundamente questionadoras por se tratar de assuntos ''existenciais'' e ''práticos''. Digamos que seria uma descontrução construtiva.


Nas palavras de um dos professores: ''Não tenho nenhuma verdade inquestionável para lecionar'', se torna evidente a característica de um curso nesse molde da Teologia.


Tudo é confrontado e questionado. Desde o propósito do ingresso no curso a veracidade da sua fé.


Nesse meio, fator nenhum se torna tão necessario quanto o fator ''equilíbrio''.


Se não houver um equilíbrio entre o aprendido e sua indentidade, facilmente a balança penderá para um dos lados. E geralmente, o campo do conhecimento (razão, fato, concreto) se torna mais ''interessante'' do que o campo da fé (pressupostos, incertezas, especulação).


Fácil é ter uma postura que o coloque num desses dois extremos. Permanecer firmemente estabelecido no centrro de equilíbrio dessas duas realidades é a pulsante dificuldade de um acadêmico.


Suma importância é estabelecer e manter o equilíbrio.

O "porque" do Título

Seria muita falta de autenticidade de minha parte usar termos para caracterizar esse blog que não condizem com a realidade em que vivo. Quando se é verdadeiro consigo mesmo, a forma de enxergar o que lhe rodeia se torna diferente do costumeiro, refletindo assim em suas atitudes, frases, pensamentos e escrita, transformando Tudo como um Todo.
E a escolha por "Askesis" é uma mera repercursão disso.
Askesis nas Palavras de Eugene Peterson: "Um lugar confinado, de limites severos e inescapáveis. Uma combinação de defesa e ataque contra o Ego. Askesis é uma interferência calculada e deliberada nessa cobiça pelo divino, nessa presunção de ser Deus. Askesis é um desastre voluntário. Askesis não é uma tecnologia espiritual ao nosso dispor, mas, ao contrário, é uma imersão num ambiente onde nossas capacidades são reduzidas a nada ou quase nada e ficamos a mercê de Deus para que Ele possa moldar sua vontade em nós."
Essas palavras resumem fielmente o processo no qual trilho a alguns dias. Processo este iniciado nas regiões celestiais, idealizado no coração de Deus, vindo a ter resposta no mundo físico e limitado de minha vida.
Askesis também é sinõnimo de reconstrução e reconstrução sinônimo de desconstrução. Se desconstroi tudo o que até então fora erguido, para que se lançe as novas bases e se junte os cacos de espiritualidade vazia e egoísta.
Askesis é um desastre voluntário. Um processo necessário.
É o plano espiritual em harmonia com o plano terreno.
É minha filosofia de Vida.

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