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Da ansiedade


Niterói, 03 de dezembro de 2012

Impaciente espero uma pessoa que compartilhará comigo a solidão de uma existência. Sofro por esperar alguém que em breve estará ao meu lado, falando ao meu ouvido palavras de carinho, afagando docemente meu cabelo. Dói-me espera-la. Machuca-me, sobretudo, o fim deste amor: por indiferença, pelas brigas, simplesmente, pelo esfriamento, ou, puramente, pela morte. Leve poucos meses, leve longos anos: o amor é mortal por ser mortal seu hospedeiro.

Apesar das dores, espero. Levará um mês, ou, alguns anos... Quem sabe não venha!

Fico a escrever, pois sou ansioso e odeio esperar...

De meu amigo e de seu vôo


Niterói, 03 de dezembro de 2012

Por vezes deparo-me  com o coração palpitante de um amigo meu. Se não bastasse o coração querer fugir de sua prisão carnal, observo mãos suando, olhos inquietos, fala entrecortada. Diagnostico:  de um mal sofre meu amigo: paixão.

Arrebatado pela própria imagem refletida nesse belo ser que acabou de conhecer, encontra-se epifânico. De tão leve que está, seus pés não estão mais na terra; olha-nos de cima, lá do céu. O Sol que é esse amado faz com que meu amigo não deseje estar mais entre nós.  Ele quer luz, calor e altura. Tudo que costumeiramente não encontramos aqui embaixo. Meu querido amigo percebeu o quanto é bom voar. Levantou vôo.

É, entretanto, a altura que mete-lhe medo. Maior altura, maior a queda. Seu coração palpita de paixão e de medo. A paisagem lá de cima confere-lhe esperança, mas certo, para ele, é a dor de cair de um lugar tão alto. A queda é certo, a esperança, mãe da ilusão. Meu amigo está confuso.

Se aqui escrevo, escrevo ao meu amigo para dizer-lhe que não tenha medo. Não do medo do fracasso, pois esse está muito a frente e pode nem vir a suceder. Que não tenha medo de voar, de experimentar, de sentir a vertigem dos lugares altos. Não é necessário, entre nós, querido irmão e alma gêmea, os conselhos da temperança: nos conhecemos demais para receitar-nos tal preceito. Impulsivos e aventureiros que somos, resta-nos viver esses momentos e apreciar as novas paisagens. Merecemos algumas horinhas de Sol.

Não tenha medo, amigo! A distância é sua. E, se por acaso houver de cair, ora, estarei aqui embaixo para curar os ferimentos. Se isso acontecer, e é provável que aconteça – cedo ou tarde – da minha boca não sairá o veneno dos moralistas medrosos: “Eu te disse...”

Voe, e, quando estiver bem lá em cima, tire uma foto e envie por cartão postal... Vou querer saber como é esse novo Sol.

À Willian Lizardo

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