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TABU


O conhecimento de que vem a ser tabu está, praticamente, no saber de todos. Muitos podem enumerar diversos temas considerados tabus em nossa sociedade. Porém, é observável que a causa de determinado assim ser considerado tabu, é em si, um tabu.
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Na lista de tabu, constam os assuntos mais estranhos e incompreendidos que existem. A exemplo: no meio familiar: a pergunta feita por um filho pequeno - "de onde eu vim?"; no meio de um namoro: estar se relacionando com alguém, e ao mesmo tempo estar se relacionando com um terceiro; no meio familiar: sexo, camisinha, gravidez; no meio eclesiástico: sexualidade vs doutrina e tantos outros tabus.
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Não se sabe quando e onde surgiu o primeiro tabu, no entanto, como diria E. Morin: " O tabu é imposto pelas perversões da organização disciplinar de conhecimento. Assim, é evidente para a maioria dos especialistas que ninguém, além deles mesmos, é capaz de refletir sobre o que fazem." (O conhecimento do conhecimento, método 3, p. 34).
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Sem terem objetos argumentativos para determinado assunto, além do risco de anarquia em determinada ordem, os agentes formadores de tabus, ou se preferir, organizadores do conhecimento, passam a propagar que somente eles são aptos a tratar de certas questões complexas, pertinentes ao ser humano.
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Fruto disso é a alienação unida ao Tabu. "Tal assunto não deve ser comentado diante de determinadas pessoas", é o que afirmam. Trata-se de uma perversão; de uma subestimação da capacidade intelectual que cada indivíduo possui.
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Como consequência, esta alienação cai sobre forma de pré-conceitos, onde, árabe será sempre terrorista, negro sempre escravo, índio sempre preguiçoso, branco sempre superior, héteros eleitos de Deus, gays sempre instrumentos do diabo, católico sempre idólatra, evangélico sempre a salvação do mundo, cientista sempre ateu, filósofo sempre atoa, historiador sempre maconheiro, poeta sempre pobre, EUA sempre o único país americano, carioca sempre ladrão, Dilma Roussef é Lula na presidência, Roberto Carlos sempre preocupado com Cachoeiro, médico sempre rico, Brasil sempre um país de todos, e inúmeros outros préconceitos de mentes ignorantes, que não permitem o esclarecimento.
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Talvez, nossa única saída seja uma Revolução Mental, onde o conhecimento "não poderia constituir um domínio privilegiado para pensadores privilegiados, uma competência de experts, um luxo especulativo para filósofos, mas uma tarefa histórica para cada um e para todos. A epistemologia (estudo do conhecimento) complexa deveria instalar-se, senão nas ruas, ao menos nas mentes, mas isso exige, sem dúvida, uma revolução mental." (O conhecimento do conhecimento, método 3, p.34).
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PS: onde estão os que darão a "cara à tapa"?

Aos Leitores

Visto que têm havido alguns erros de interpretação dos que leêm meus textos na relação ao que realmente penso, consiste a razão deste post.
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A problemática da busca pelos fundamentos dos pensamentos, das verdades, dos conceitos, teve início em mim com a leitura de determinados livros religiosos como a Bíblia, de livros de filosofia de autores como Lucy Ferry, de livros poéticos de Rubem Alves, de teologia como "Teologia do séc XX" de Gibellini, e de epistemologia como os livros de Edgar Morin.
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Todas essas áreas foram alvo de meus questionamentos e estudos, permitindo-me a construção de uma nova cosmovisão (visão ampla das esferas da existência de um indivíduo), ao mesmo tempo que iniciei um processo de desconstrução de antigos conceitos, fundamentados em outros.
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Ao que vejo, meus textos tem provocado diversas reações nos leitores, o qual é bem vinda a participação de todos. Percebo ser positivo tais debates, pois levam aqueles que leêm a um revisar de suas crenças, mesmo que disto resulte o aprofundamento de certas visões.
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Pretendo que o leitor atento perceba que todos os escritos tratam de uma ótica: a minha ótica. Possuindo ela muita probabilidade de estar equivocada, sendo por isso, a minha procura em não emitir veredicto sobre algum aspecto ou outro, mas apenas esboçar situações presentes no meio eclesiástico, cotidiano, espiritual e sentimental.
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Creio, pois, ser a reflexão e o questionamento de tudo o que se vê, atitude digna de pessoas como os Bereianos (referência à igreja de Beréia no livro bíblico de Apocalipse), como os cientistas e os filósofos, considerando que TODOS podem fazer parte desse grupo de pessoas, basta ir atrás das respostas.
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O que move o mundo são as perguntas. Sendo assim, quanto mais questionamentos, mais conhecimento.
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PS: Lembro a todos que a procura do conhecimento é algo que consumirá toda a nossa vida, mas se não for assim, podemos nos considerar animais que vivem segundo o extinto, e segundo ditames de outros.

O ser humano como Ser complexo


Desenvolvida por Platão, filósofo grego, a visão dualista de "corpo vs alma", de "idéias inatas (a priori ) vs idéias construidas ( a posteriori )", foram derrubas a partir do conhecimento desenvolvido ao longo dos últimos 6 séculos de nosso calendário, com ênfase nos séc XVIII à XIX, que toma o ser humano como um ser complexo.

Com o fim da Idade Média e o retorno ao antropocentrismo, o saber científico e filosófico ganhou uma nova propulsão com as descobertas astro-físicas do filósofos-cientistas, Issac Newton, René Descartes, Louis Pascal, além de muitos outros pensadores como Immanuel Kant, Jean Jacques Rousseau, Voltarie, Nietszche; onde o conhecimento se tornará multifocal, ou seja, analisado de todas as óticas existente da ciência.

A partir destes séculos, o homem não será mais considerado como uma massa corpórea, com a alma dividida entre o céu e o inferno, como pretendia a visão medieval. Representação clara deste momento é o Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci, que representa o período do Renascimento, e a volta à Antiguidade Clássica, onde o homem era o centro de todos os estudos, ou seja, antropocentrismo.

Complexidade é a questão. nas palavras de Edgar Morin¹: " Se a noção de conhecimento diversifica-se e multiplica-se quando a consideramos, podemos legitimamente supor que comporta diversidade e multiplicidade. Desde então, o conhecimento não seria mias passível de redução a uma única noção, como informação, ou percepção, ou descrição, ou idéia, ou teoria.²". Portanto, partindo do pressuposto de que essa visão está em voga no meio científico e filosófico, qual seria o motivo do conhecimento religioso estar estagnado no obscurantismo?

É um contrassenso, pois enquanto as grandes denominações cristãs como o Catolicismo e o Protestantismo lutam pela sua modernização nos templos, nas liturgias, nos cânticos, não procuram fazer o mesmo no que tange à doutrina, ao pensamento e ao credo religioso.

Infelizmente, o saber religioso se calcificou em um determinado tempo, permanecendo em milênios, atrasado. Pode-se encontrar comunidades hoje em dia onde acredita-se que o Sol realmente parou, como descrito em Josué capítulo 10; ou acreditam que a transfusão de sangue é condenável pelo Senhor, como creêm os Testemunhas de Jeová; ou ainda que vestimentas significam proximidade com o Santo, como prega grande parte dos Pentecostais; ou que aborto é consagrar o útero feminino ao deus Moloque; ou que homoafetividade é possessão demoníaca; ou que bebida alcólica é mais prejudicial do que um hambúger com bacon banhado em gordura, como dizem os Batistas.

São estes, e existem muitos outros exemplos que demonstram que para a religião, o homem é apenas um alma destinada ao paraíso ou ao inferno. Que resulta numa noção básica que afirma "se não é de Deus, é do diabo". Onde todos os seres humanos seguirão à mesma lógica. Sendo tudo isso uma noção dualista de "pode vs não pode"; de "não fazer e herdar o paraíso e fazer e ser condenado à perdição eterna".

Não creio que se deva esquecer o quesito "fé", e deixar de se praticar a religião, contudo, esquecer essa visão bipolar, bilateral, dualista. O homem é um ser complexo e para que a religião possa um dia vir a ser mais plena, deve levar em consideração o saber observativo-experimental da ciência, e o saber especulativo-reflexivo da filosofia, pois nem tudo é respondido pela crença, seja ela qual for. Caso contrário, a religião continuará matando, condenando e excluindo muitos em função de seus ideais que não refletem nada mais do que uma cosmovisão de um determinado século, e de um determinado grupo de pessoas.

Porém, tenho lá minhas dúvida de que assistirei essa inovação que será benéfica à toda humanidade.
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Referências Bibliográficas:
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¹-Edgar Morin: Antropólogo, Sociólogo, Filósofo. Pesquisador emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia.
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²- Livro: "O conhecimento do conhecimento, método 3", p. 18.

Sobre Tradição


Nascer em determinado ano ou em determinada família, para ninguém é uma escolha, mas um fato. Não se escolhe existir ou não, a realidade é que os pais de cada um determinaram isso para as suas crianças, sem ao menos consultá-las. Não se decide nascer brasileiro, europeu, africano ou asiático, você apenas nasce.

Fato curioso é que quando nascemos, não nascemos num mundo que a partir de nossa participação nele, será construído aos poucos, e sim, passamos a caminhar num mundo que já vem sendo construído há milhares de anos.

É a isso que denominamos tradição, que no grego é tradere que significa entregar. Um mundo nos é entregado, no qual só há uma coisa que possamos fazer: nos enquadrar. Não há tempo para a reflexão nesse mundo que já está em curso. Nós herdamos usos e costumes, herdamos formas de vestir, e falar, de agir, e, acima de tudo, herdamos uma forma específica de pensar.

Herdamos a tradição dos que já foram, e raramente pensaríamos diferente do que é comummente aceito pelo tradicionalismo. Afinal, nossa herança é fruto de uma fórmula que deu certo em uma determinada época, sendo vetado a possibilidade de questioná-la, já que o que vêm das eras passadas é acompanhado de uma áurea divina, de um aspecto imutável e infalível. A tradição que herdamos é o esforço de nossos antepassados em sua luta pelo controle de uma determinada situação, mas geralmente esquecemos que não é nada mais que uma fórmula inventada pelos seres humanos, envolta em grande mística.

Passado de pai para filho, juntamente com os traços culturais de uma tradição, o cargo de líder desse sistema é ocupado por aquele, ou aqueles, que garantirão a continuidade da ordem. Sendo estes responsáveis pela repressão das manifestações contrárias à sua forma de pensar.

E o que vejo hoje não é diferente disso. Eu, como muitos outros, decidi rever até onde minhas crenças remontavam à uma tradição, ou à uma decisão própria diante de algumas circunstâncias. Pasmei: todas, absolutamente todas minhas escolhas por algo ou alguém eram geradas na decisão de outros, geralmente, dos manejadores da tradição.

Só pude dar uma resposta diante da realidade que percebi: largar tudo, voltar atrás e refazer todo o percurso novamente. Decidi que não deixaria a tradição de minha família, de meus amigos, do cristianismo, e da sociedade influenciasse em minhas escolhas. O que eu decidir será fruto de minha própria reflexão, por conseguinte, as consequências se tornam minha responsabilidade, exclusivamente.

Quando percebi que a tradição estava criando em mim complexos, síndromes e recalques, roubando minha existência, decidi abandoná-la. Decidi ser dono do próprio nariz. Decidi dar o primeiro passo rumo às respostas que eu pedia às pessoas, mas que só traziam fórmulas prontas, de pessoas que não possuem o interesse, senão o poder. Decidi ser eu, não extensão dos outros.

Confesso, fugir da tradição me rende acaloradas discussões, muita dor de cabeça, e periodicamente o choro. Mas agora possuo a certeza de ser livre em mim mesmo, uma vez que os grilhões da tradição foram arrebentadas. E por fim, agradeço que há outros tantos que também se decidiram por isso, constituindo uma esperança para aqueles que se encontram encarceradas pela fórmula dos mortos.

Quando se ama


Quando se ama, tudo o que você mais quer é que todos saibam. Você quer apresentar a pessoa amada aos amigos; quer apresentá-la à família; quer apresentá-la àqueles que nem mesmo conhece. Quando se ama, todos os seus atos são feitos para mostrar à quem quiser ver que agora você está finalmente completo.
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Quando se ama, não se quer ir à praia sozinho, muito menos ainda ver filme sozinho no inverno. Quando se ama, tudo lembra o outro, até mesmo um tropeção de alguém à sua frente, que te fez lembrar o seu tropeção quando viu a pessoa amada pela primeira vez. Quando se ama, a pessoa pode estar com espinha, com mancha, com pé-de-galinha, com roxo que for, mas ela continua linda.
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Quando se ama, você quer que o mundo todo celebre contigo a sua sorte ao ter encontrado seu maior tesouro. Quando se ama, você quer abraço, quer beijo, quer namoro, quer aliança, quer noivado, quer casamento, quer véu e grinalda, quer marcha nupcial, quer ver os pais chorando de emoção, quer arroz sendo jogado para cima, quer festa, quer "recém-casados", quer lua-de-mel, quer sexo, quer alegrias, quer filhos, quer viagens, quer "e eles viveram felizes para sempre".
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Quando se ama, não importa se é homem ou mulher, branco ou negro, pobre ou rico, feio ou bonito, você só quer que a pessoa que você ama seja para sempre sua, e você para sempre dela.
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Quando se ama, você fica até de madrugada chorando ao escrever tudo isso.

♥ ♥ ♥

No entanto, triste quando se ama, é não poder comemorar com os amigos esse amor. Triste é não poder dar um beijinho que for, em público. Triste, quando se ama, é não poder dar as mãos quando se está com medo. Triste, é não poder olhar olhar para a pessoa que se ama, sem que critiquem esse olhar.
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Triste, quando se ama, é não ouvir "vocês formam um casal lindo" das pessoas mais próximas a você. Triste, é não saber se estarão mais de 10 pessoas no seu casamento. Triste, quando se ama, é não ouvir do pai "que genro de ouro eu tenho". Triste, é não não poder passar o natal juntos como uma única família.
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Triste, quando se ama, é perceber que o amor que você tem é ridicularizado por muitos. Triste, é ver pessoas fazendo por onde destruir esse amor. Triste, quando se ama, é ouvir que a maioria está contra esse amor.
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E absolutamente triste, para quem ama, é amar e saber que todas as pessoas que você mais ama depois de sua pessoa amada, não ama junto com você, o seu AMOR...

Sobre manutenção da ordem

Vivemos no chamado pós-modernismo do século XXI, contudo, carregamos o obscurantismo da Idade Média, no que tange as questões de cunho religioso.
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Fazendo referência aos meu companheiros de debate, Jonathan e Tiago, no curso de Teologia do STBSB, observo o notável interesse destes em organizar uma comunidade religiosa onde fosse possível o diálogo com a ciência e com a filosofia. Tendo como objetivo a formação confessionária dos membros da comunidade, sem que para isto, fosse preciso aliená-los do mundo. Postura honrosa ao meu ver, dado o encarceramento intelectual presente na maioria das instituições religiosas.
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Creio que não seja o único motivo, mas em maioria, há um grande receio por parte dos líderes eclesiásticos - mesmo que inconsciente - de que a ordem que deu certo em suas comunidades de fé seja perturbada por uma nova ordem de pensar e agir, de indivíduos intelectualmente adultos, uma vez que o poder que é conferido ao líder é proveniente da falta de conhecimento que grande parte das pessoas têm acerca de Deus, como Ser que se relaciona com o homem, necessitando, portanto, de uma figura para intermediar seu relacionamento com o Supremo; da instituição religiosa, e a forma adequada dela se relacionar com o mundo que a cerca, depositando assim, nas mãos do líder, o que devem pensar sobre assuntos polêmicos como pesquisa com células-tronco, aborto, homossexualidade, Aids, fanatismo religioso traduzidos em crimes contra a humanidade; e de sua própria história, no que diz respeito à tradição, à liturgia, à forma de governo, e aos credos confessionais.
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Cria-se dessa forma uma bolha que segregará a instituição que se considera santa, do mundo que afirma ser mundano, numa espécie de alienação proposital. De forma que o sistema que vigora desde a Idade Média, não sofre alteração. E se por acaso algo venha perturbar essa ordem, a cúpula que organiza o sistema, reunirá forças para expulsar o elemento perturbador para que a instituição permaneça santa.
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Termino transcrevendo um trecho do livro "Depois da Religião" de Lucy Ferry e Marcel Gauchet: " Dito de outra forma, a necessidade religiosa não é - ou, em todo caso, nada permite afirmá-lo com certeza - algo como uma dessas categorias transcedentais da experiência humana, como se a religião estivesse inscrita desde sempre e para sempre na configuração essencial do ser humano. A religião pertence, ao contrário, a um período passado e ultrapassado da história. Ela tem um começo e um fim. Pode-se imaginar uma organização social de seres humanos definitivamente sem religião, sem que com isso as velhas ameaças da Igreja nos caiam sobre a cabeça e sem que, forçosamente, essas sociedades sem religião, puramente humanas, estejam fadadas ao totalitarismo ou, quem sabe, a alguma catástrofe qualquer, ao imoralismo, ao materialismo etc." (Depois da Religião, L. Ferry e M. Gauchet, p. 22)
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PS: Principalmente a parte em amarelo deixa explicito que muito dos comentários dos líderes eclesiásticos sobre a necessidade de se manter uma ordem, não são necessariamente verdadeiro, pois não é por falta de DOUTRINA ou DOGMA que uma sociedade estaria fadado ao imoralismo ou coisa do tipo.

Eu e Tomás de Aquino

Conhecido na Igreja Católica como São Tomás de Aquino, este clérigo nasceu em 1225 na cidade de Roccaseca, no reino de Nápoles - Itália. É considerado o santo mais sábio, e o santo dos sábios. Representante áureo da Escolástica, linha dentro da filosofia medieval, de caráter cristão.


Teólogo e filósofo, Tomás de Aquino revolucionou a forma de se pensar o mundo e a metafísica de sua época. Diante de um contexto filosófico de predominância do sistema religioso neoplatônico, este monge reapresentou ao mundo Ocidental, a forma de pensar aristotélica, que surpreendeu todo o sistema vigente de seu tempo.


Aquino defende uma forma de pensar (gnosiologia) empírica e racional, sem inatismos e iluminações divinas¹, onde o intelecto ilumina o mundo para que possamos conhecê-lo². Um conhecimento que não nos advém de fora, como pretendia o iluminismo agostiniano. Além do conceito de verdade ser perfeitamente harmonizado com a concepção realista do mundo, que é justificado experimentalmente e racionalmente³.
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Tomás procura dar uma filosofia ao pensamento cristão, conciliando fé e razão. Contudo, diferentemente do Santo Agostinho que subordinava a razão à revelação e a experiência do divino. Além de ir contra o apriorismo intuicionismo platônico-agostiniano.
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Em sua metafísica, o Aquinate, afirma que primeiro sabemos o que Deus não é (teologia negativa); entretanto conhecemos algo positivo graças à doutrina da Analogia, onde o conhecimento de Deus se deve realizar partido das criaturas, pois o efeito deve ter semelhança com a causa. O que conhecemos a respeito de Deus é, portanto, um conjunto de negações e de analogias, não sendo falso, porém, incompleto. Ele sintetiza afirmando: conhecemos Deus unicamente mediante à razão, partindo da experiência sensível.
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Observando todas essas definições, ratifico minha posição contida nos post anteriores que Deus, tal como nossa limitação nos permite conhecer, é fruto de nossa experiência de mundo, portanto subjetivo e relativo, fazendo analogia com nós mesmo.
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Pensando assim, Deus em todas as religiões presentes no globo terrestre será apenas símbolo, representação dos próprios seres humanos, como Voltaire disse: à imagem e semelhança do homem.
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Se quisermos pensar num Deus realmente divino e absoluto, devemos considerar nossa incapacidade em concebê-lo.
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Referências Bibliográficas: ¹ - História da Filosofia, H. Padovani e L. Castagnola, p. 180-184
² - Idem
³ - Idem

Nostalgia

Parece que muitos anos se transcorreram dentro de apenas um. Como uma década decisiva na história, 2009 foi um ano - que parece ter sido vários- como não houve outro. Um mudança realmente profunda.
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Confesso minha nostalgia e saudosismo. Eu, de muitas coisas tenho saudade.
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A começar pelo meu único e querido esporte, que é também uma filosofia de vida e arte marcial, o Kung Fu. Começei em 2005, parei em 2008. Quantos socos, chutes, trabalho de respiração, filmes, armas pude viver?! Quanta filosofia reunida em tão pequeno lugar, e em tão poucas pessoas...
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Saudades do Guimarães Rosa e as 98 pessoas reunidas numa única sala de aula. 98 formas de enxergar o mundo; 98 histórias á serem contadas; 98 pessoas à serem amadas. Provas, simulado, vestibular, chopadas, formatura.
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Por que não as pessoas da PIBCI?! Ressalvando o olhar de estranheza das pessoas para comigo, além de suas nostalgias "mau-colocadas", também sinto saudades dos anos vividos ali. Risos despreocupados, brigas impensadas.
O ano transcorreu e com ele décadas de mudanças que fizeram com que meu coração se tornasse saudoso. Obviamente não creio ser ruim as mudanças, pois me proporcionaram conhecer e permanecer com o AMOR da minha vida, o que vale por tudo.

Contudo, fico nostálgico pois sei que os anos passados não voltam mais, cabendo a mim reviver cada boa lembrança de minha memória; dela não me esquecer jamais, e aprender com ela à valorizar os dias de hoje, pois estes, eu também lembrarei com muito carinho.


PS: Saudades de tomar banho de chuva...

O caminho que escolhi

Sem sombra de dúvida, fui bombardeado com visão de outros mundos, que julgava eu - habitante de um mundinho religioso conservador - não existirem neste imenso universo.

Foi, e tem sido, dolorido. O encanto se desfez em alguns instantes; a venda que tapava os olhos foi retirada; a pálpebra arrancada; e os muros da cidadela fortificada por anos de fanatismo, foram postas abaixo. E em meio a tanta confusão, me senti completamente perdido e solitário.
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Quando, por fim, dei por mim, percebi que já era hora de sair da casca de noz e enfrentar um universo adulto, que não concede piedade àqueles que nele transitam.

E cá estou, no caminho que escolhi. Vou caminhando à passos lentos para que consiga entender os caminhos que me trouxeram aqui; a desconstrução que dei início; o mistério reservado à mim na próxima esquina.

Neste caminho sigo sozinho. Transitando pelos mundos que nunca me disseram existir, recolhendo de cada um, algo que possa me ajudar a descodificar o que eu ainda não entendo.

Não faz mal que me chamem de desertor, louco, herege, doente, corajoso, ambicioso ou herói, pois creio que há de tudo um pouco em mim. O que só não sabem é que em mim, há muito deles.

Por isso, prossigo caminhando...

Confissão de Fé

Em grande parte, considero desnecessário este post, contudo, creio que ele me poupará o esforço de dizer repetidas vezes os mesmos pensamentos. Portanto, atentem-se...
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Começando de "baixo para cima":
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Quem me considero sendo "EU"? Um aglomerado. Um resultado de várias circunstâncias, originadas num propósito (ou despropósito) externo que desconheço, que me levaram a refletir sobre a realidade que se passava no momento de minha reflexão, que desencadearam ações que entendo, e outras que não entendo tão bem assim. Um vagante que caminha para não se sabe onde, sem pressa de chegar lá.
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O que considero ser "Religião"? Se for acompanhada de fanatismo, é mordaça, cabresto, manipulação, violência, morte, nada. Se for acompanhada por respeito, tolerância e individualidade, é estética, no sentido epistemológico da palavra. Ou seja, é contemplação, paz interior, sentido de existência, contudo, ausente de conhecimento, de certeza sobre as verdades absolutas (existindo elas).
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O que considero ser "Cristianismo? Religião que herdei. Com princípios morais e éticos belíssimos. Porém, uma dentre todas as demais religiões. Não diferente das outras - no sentido de consistir em construção humana. Com características louváveis e outras reprováveis. Alvo de meu carinho e respeito.
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Quem considero ser "DEUS"? A maior de todas as dúvidas. Crendo que Deus não pode ter traços humanos, senão deixaria de ser perfeito, não posso acreditar nas caricaturas que as religiões fizeram dele. Em nenhuma. Por isso, não sei quem Ele é, pois tudo o que eu formular partirá de minha existência, sendo não mais Deus, mas uma extensão pretensiosa de meu EU.
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Sendo assim, sintetizo: O que considero "ser e estar" a minha espiritualidade? Não sei exato a resposta, nem tenho pressa em defini-lá de acordo com um padrão ou outro.
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Fim das perguntas.

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