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"O que é que amo quando te amo?"


Sentimentos invadem meu coração... Estou vivo!

Sinto percorrer em minhas veias o Amor. Ó sublime epifania, o que te levas a fluir pelas veias turvas de meu coração?

O amor que percorre cada lugar minúsculo do meu corpo vem de fora de mim. Ele vem do mais belo de todos os seres. Tal ser que é único entre muitos e, complexo em si. Pessoa tão comum e tão diferente simultaneamente; mistura de certezas e incertezas.

Este amor, me violenta, encharcando-me de paixão e de paz. Este amor é lípido, puro, imaculado, sacramentado.

É a coisa mais bela que jamais senti; mais confusa que jamais lidei.

Sirvo-me do filósofo Abelardo, o pássaro errante, ao dizer: “em mim só se encontram versos de amor e nada dos segredos da filosofia”, para afirmar que esse amor me tira da complexidade da teologia e me leva para os simples e muito belos jardins floridos da paixão. É perceptível que em mim não há mais nada a não serem versos de amor. Por que escrever outra coisa?

O amor devotado à pessoa amada me tira da razão; agora sou todo emoção; sou apenas juras de um amor Eterno.

“O que é que eu amo quando te amo?” se perguntou Milan Kundera...

Eu amo a sua imagem. Não que esta seja a mais bela das imagens, mas que você simplesmente apaga as demais.

Vivo de uma coisa só: a sua imagem. Conversas, afazeres cotidianos, nem coisa alguma me interessa, não fazem sentido, se você – doce imagem – não estiver nelas pintado.

Eu amo sua imagem, ó meu amor, já que nela eu me vejo; eu a torno especial. No entanto, não me tome por narcisista, mas, como alguém que não é mais si mesma e, sim você, portanto, você transparecendo através de mim. Uma linda imagem surgida de dentro para fora.

Para mim não há nada mais puro, se assim eu fizer as palavras de Kiekegaard as minhas: “Pureza de coração é desejar um coisa só.” Quero desejar uma coisa só; que meu amor seja puro; sentimento que não haja misturas.

O que eu quero é só você. Sua doce imagem adormecida ao meu lado... Não, não farei um movimento sequer, para que a beleza de tal cena não se finde.

O que é que eu amo quando te amo a não ser você mesmo? O que mais amaria a não ser quem sou em você e você em mim? Como poderia te macular pela carne quando meu amor por você é divino?

O que é que eu amo quando te amo a não ser eu mesmo, quando deixo de ser eu e passo a ser você, e nós passamos a sermos um?

A imagem torna-se para mim mais poderosa do que a incerteza que em momentos varre meu coração.

Nessa imagem há metade de dois rostos, que numa fusão indefinível se torna um: um único rosto, um único nariz, um único sorriso, um único par de olhos, uma única história, uma única vida, um único amor.

Tu és o que eu amo quando te amo.

Fecho nas belas palavras de Rubem Alves: “O amor mora no olhar terno que sorrir ao contemplar o rosto da pessoa amada.”


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“A raposa pediu que o Pequeno Príncipe a cativasse.
- Que quer dizer “cativar”? – ele perguntou.
A raposa explicou:
- Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, a cada dia, te sentarás mais perto... Se tu vens, por exemplo às quarto da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Às quatro, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade.
Aconteceu então que o Pequeno Príncipe cativou a raposa. O tempo passou e chegou o dia em que ele precisou partir. A raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culta é tua; eu não te queria fazer mal, mas tu quiseste que eu a cativasse...
- Quis – disse a raposa.
- Mas tu vais chorar!
- Vou – ela respondeu.
- Então não sais lucrando nada!
- Eu lucro – disse ela – por causa da cor do trigo. – E acrescentou: Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo.”
(Antoine de Saint-Exupéry)

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