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Da polêmica televisiva II

Niterói, 14 de Julho de 2010

Nesse lado da força – a saber: maioria religiosa “normal” –, as questões foram também muito bem colocadas; eloquentemente respondidas.

Os argumentos construídos e esboçados durante o debate – que mais parecia um embate – levantaram perguntas muito complicadas de ser respondidas em pouco tempo – que era exigido pelo programa –, e algumas delas deveriam ser debatidos num simpósio científico , não num programa humorístico, quer dizer, televisivo.

Com um discurso propriamente cristão, os pastores da Renascer e da Assembléia responderam a polêmica lançada pelos pastores inclusivos. Num primeiro momento, o pastor assembleiano inicia sua cruzada afirmando ser a Homoafetividade um comportamento. Ser gay, lésbica e afins seria uma espécie de escolha que a pessoa faz do tipo: “hoje quero ser mais extrovertido, e amanhã introvertido”; do tipo “hoje quer ser gay, amanhã já terei enjoado por isso quero ser hétero”. Para basear sua afirmação esse desvairado, quer dizer, esse pastor afirma – invocando os grandes cientistas fantasmas – que a ciência já COMPROVOU que a pessoa não nasce homossexual; que isso não está em nenhum gene.

Em momento posterior o debate girou em torno da “disposição”. A pessoa que possui disposição para mudar, muda. O gay, a lésbica que quer ajuda e se esforça “fazendo sua parte”, sim, pode deixar de ser homossexual. E nesse caso, os homossexuais que chegam até estes pastores “normais” querendo ajuda, eles afirmam que essa pessoa pode mudar. E se não mudam totalmente, Deus que é Deus da promessa – promessa homofóbica – há de fazer o impossível por esse indivíduo.

Uma terceira questão diz respeito ao Amor. Essa foi uma resposta aos inclusivos, que afirmaram que a igreja “normal” exclui, coloca em quarentena, trata como doentes aqueles que se confessam gays. Segundo os “normais”, Deus ama o pecador, não o pecado, e que se em Gênesis está Adão e Eva, não Adão e Ivo, é porque Ele quis que assim fosse eternamente – sedutor não?! Para corroborar o argumento, se utilizaram de Levítico e Romanos para demonstrar as abominações da homoafetividade. Terminam esse momento afirmando que se os filhos deles fossem gays – que foi a pergunta da Luciana Gimenez – eles matariam os filhos, ops, brincadeira leitor, eles falaram que continuariam a amar o filho, porém nunca iriam aceitar a situação. Se bem que o papo do matar, por experiência, digo que eles pensariam sim...

E um último ponto polêmico exposto foi a questão da Heterofobia, como cunhou o deputado federal Eduardo Cunha – recém saído do hospício. Segundo essa vertente os gays poderiam falar contra os héteros – leia-se: cristãos héteros, porque falar dos demais héteros não possui nenhum problema – e de seus pontos de vista, porém, estes não poderiam falar mal dos gays. Em outras palavras, seria a famosa “Mordaça Gay”, termo cunhado pelo pastor Silas Malafaia, companheiro de quarto de Eduardo Cunha que também saiu do hospício a pouco. E para causar impacto com esse pensamento, os pastores “normais” invocaram os deuses da Democracia, lembrando a todos que sendo o Estado Laico, eles possuem todo o direito de propagarem seus dogmas.

No mais, essas foram às questões polêmicas levantadas pelos “normais”. Creio que o bom leitor também achará que essas questões possuem mais asneiras do que algo inteligente. Mas hão de me perdoar, pois foi o melhor que consegui retirar do debate.

Fica, portanto, a minha última postagem sobre esse assunto. Nele colocarei a síntese disso tudo que vi, ouvi e percebi. Que não se esqueçam que não faço nenhuma referência pessoal aqui a quem lê, contudo, se a face arder, o bom é comprar o quanto antes “óleo de peroba” no mercado mais próximo.

Da polêmica televisiva I

Niterói, 13 de Julho de 2010


Eu não costumo assistir Superpop, afinal, não passa de debates que geralmente servem de Pão e Circo aos telespectadores. Numa realidade em que os programas televisivos “abertos” – que não são pagos – não possuem nenhum teor de formação crítica, humana, reflexiva, heurística, não é de se espantar que um programa como o Superpop também seja assim. A culpa está nos telespectadores que não se interessam nesse tipo de formação, e que por isso a TV brasileira se encontra nesse estado deplorável. Contudo, o debate exibido no dia 28 de junho no Superpop, chamou minha atenção.

Havia dois pólos em cena. De um lado, os pastores Marcos Gladstone e Fábio Inácio da Igreja Inclusiva Cristã Contemporânea, do outro, pastor Otoni de Paula da Assembléia de Deus missão vida e um pastor da Igreja Renascer em Cristo de Osasco. Além disso, estavam presentes Gretchen e Emanuel de Albertin (intérprete da música Adão e Ivo). Depois de apresentados os bobos da corte, quer dizer, estes convidados, iniciaram o debate: Homossexualidade e Bíblia.

O assunto é longo e polêmico, portanto, tratarei dele em três postagens, para que não se torne massante a quem lê. Nessa primeira postagem a minha intenção é esboçar o “parecer” da Igreja Contemporânea.

A Igreja Cristã Contemporânea é uma instituição voltada para o público LGBT: entenda-se “voltada” para os LGBT`s, porém não exclusiva deles. Voltado para esse público que é açoitado com as doutrinas bíblicas da grande maioria das igrejas ditas “normais” – “salvas”, “eleitas” ou qualquer outro tipo de epíteto – esta igreja possui outro tipo de pregação, outra gnosiologia (forma de pensamento).

Nos púlpitos é pregado o Amor de Deus que a todas ama tais como eles são, não existindo a “ladainha”de que Ele ama como são, mas não aceita como estão – como se homossexualidade fosse um estado de espírito. Apregoam que pela Graça de Deus, são o que são. Como diria o Rev. Troy Perry – primeiro pastor inclusivo do globo: O Senhor é o meu pastor e Ele sabe que eu sou Gay. A homossexualidade é vista por essa igreja não como pecado, mas como benção, sendo que Deus os criou assim tais como são. Tendo Deus os criado assim, como a homossexualidade seria pecado? Por acaso pode Deus criar algo imperfeito? Os conceitos bíblicos “anti-gay” eles fazem uma releitura hermenêutica e discursam em cima dela. Para o interessado nessas doutrinas, procure no Oráculo – vulgarmente conhecido com Google - sobre a ICC.

No programa da Luciana Gimenez, os pastores inclusivos levantam algumas questões, como essas que disse anteriormente. Outra questão polêmica seria quanto ao “nascer-gay”. Eles e a grande maioria dos LGBT`s acreditam que o gay nasce gay, e que desde a tenra infância apresentam comportamentos e pensamentos de tais. À exemplo, Gretchen – atual membro da Igreja Renascer em Cristo – disse que sua filha Tammy desde os 4 anos de idade apresentava característica de um rapaz como “mijar” em pé, gosto por cabelo curto, ao ponto de que quando sua mãe obrigava-a a deixar o cabelo crescer, a garotinha esperneava; segundo Gretchen, sua filha só se sentia bem quando se vestia de menino. Outra polêmica diz respeito à exclusão que as igrejas “normais”, ao terem conhecimento de que um membro é gay ou lésbica, vetam todo o tipo de participação desse membro na equipe de louvor, de pregação, de oração, ficando praticamente em quarentena, até que sua doença – quase uma epidemia – seja curada. Uma terceira polêmica consistiu na forma como os líderes “normais” se utilizam da Bíblia, numa leitura literalista, para propagarem a Homofobia, a intolerância religiosa e a segregação; em resumo, a bíblia seria uma espécie de poder manipulador.

Essas foram, a meu ver, as questões mais relevantes que pude perceber durante o papo-furado, e que segundo o meu parecer, merecem um pouco de atenção. Passo agora para a próxima postagem que tem relação com a visão dos “normais”.

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