Niterói, 10 de novembro de 2010
Penso cá comigo: que mistério é esse o viver? Que surpresas estão escondidas em cada curva de nossa existência? O que enxergamos são sorrisos, lágrimas, olhares brilhantes, semblantes tristes. Mas, o que no fundo há por trás disso tudo? Quais mistérios estão escondidos em cada mente? Qual o mistério de viver por 100 anos? Ou no meu caso, o mistério de se ter 20 anos?
Eu sinto dores tentando existir! Mas mesmo martirizado não consigo ainda desvelar o mistério que envolve o viver...
Confesso que às vezes fico perdido! Muitos falam muitas coisas. A quem seguir? Uns falam em Deus, outros em homens; uns afirmam pós-vida, outros em vida. Porém, ainda assim não conseguem me responder: Que mistério é esse de viver?
Talvez eu que não os queira ouvir, ou talvez nem precise, mas o que mais quero é captar a essência da vida. Quero desvelar esse mistério!
O que é viver? Não pode ser apenas o passar de um dia após o outro; existe algo por trás, algo que ainda não nos contaram. Mas não é algo mágico, divino ou fantasioso; isso seria simples demais. É apenas humano!
Eu fico agoniando! O que será que ele pensa? O que será que o amor da minha vida pensa quando olha para o nada, numa dança de olhares? O que é isso que ele busca? Será o mesmo que busco? Isso é mistério! Que mistério é esse que envolve a existência dele?
Tenho dores. Alivio-as escrevendo! Mas eu preciso saber....
Quero rasgar esse véu; quero quebrar essa fôrma; quero matar essas fórmulas; quero esquecer o estabelecido; quero furar meus olhos e não enxergar os muitos que apontam vários caminhos. Quero andar com minhas próprias pernas e não ter um tutor. Quero fazer o meu mapa do tesouro escondido. Quero a essência de cada momento. O corriqueiro já me cansou!
Quero entender o que o silêncio diz; o que o sorriso esconde; e o que a lágrima lava. Quero simplesmente entender... Mas não quero manuais!
Quero chão a ser percorrido: sozinho ou com bem poucos!
Quero a vida! Não o dizem dela. Quero-a...
Quero que a noite fria e silenciosa me ensine os mistérios das estrelas cintilantes. Quero o que Sol ofuscante mostre-me o interior de cada caverna. Quero que a chuva tímida me faça sentir o cheiro de terra úmida. Quero que a primavera me explique as várias cores das muitas flores; e o outono a razão das folhas despencarem dos braços de sua mãe.
Quero poesia e filosofia!
Quais são os mistérios? O que eles querem nos dizer? Querem nos ensinar a ousadia do muito falar ou a humildade do silêncio? Que mistério é esse que está em sua mente? Conte-me, eu só quero saber! Explique-me e talvez sejamos um só...
Queres viver comigo? Arrume as malas... Muito caminho há pra se percorrer e a hora já vai alta...
Para mim, trato o mistério VIDA como ela tratou o mistério de apaixonar-se: são os jeitos... e à estes não há explicação, pois para cada um é um encantamento (ou desencantamento) diferente.
Ou seja, mistérios sempre serão mistérios!
Alguns trazem esperança:
"Mistério
Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.
Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.
Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…
Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!"
(Florbela Espanca)
Mas quem sou eu para acabar com o mistério do mistério!? (rsrs)
Só não tenho por natureza o habito de questionar os mistérios da vida e sim viver seus jeitos ;)
thóthóthóthó
PS: a estória que eu li é da Martha Medeiros e tem por título: "O jeito deles".