Niterói, 13 de outubro de 2011
Existe algo que as história de amor tragicamente encerradas não nos contam. Existe algo que os amores impossíveis não nos ensinam. Existe algo na separação precoce de dois amantes que não vemos: o quanto um amor realizado pode transformar uma vida!
Não falo de deixar de deixar de fazer isso ou aquilo, mas de ser-se, de viver. Viver uma vida completa – no sentido “aquele que decidiu viver com alguém, está vivendo” –, cheia da presença daquele que a torna o que ela é. Portanto, uma vida que é. E é ela mesmo. Uma não de procura, mas de gozo, com a solidão transfigurada em companhia.
Uma vida que se é. Não que deixou de ter ou de ser. Uma vida que não precisa de palavras para dizer o que se é, pois ela já é, e sendo, não há nada a se acrescentar.
Muito se escreve – e eu sou daqueles que gosta disso – sobre os amores não correspondidos, ou não vividos. Já foi dito que deles são as páginas dos livros e eu hei de concordar. Mas, qual o por quê? Talvez, porque os amores correspondidos consomem tanto os amantes que nada deles sobra a não ser a vida em que vivenciam esse amor.
Do amor creio que nenhum homem conseguirá um dia dizer tudo. Mas é exatamente por isso que escrevemos. E talvez, se assim fazemos, talvez nos falte um pouco mais de viver a vida.
Por isso, termino! Se o amor trágico enche as páginas dos livros, pode ser que eu prefira deixar as palavras para o caminho que passa por debaixo dos meus pés e daquele a quem amo. Se um dia forem apagadas, depois da morte, do que me importa?