Niterói, 21 de Junho de 2010
“Estava persuadida de que por maiores que fossem as desvantagens da desaprovação familiar e por pior que fosse a incerteza acerca da profissão dele e todos aqueles prováveis medos, atrasos, decepções, ela teria sida uma mulher mais feliz se mantivesse o noivado do que era tendo-o sacrificado; e acreditava plenamente que seria assim, mesmo que lhe coubesse a parte habitual, ou mesmo mais do que a parte habitual de preocupações e incertezas (...) Quão eloqüente, pelo menos, teria sido se os seus desejos se tivessem voltado para aquele primeiro amor e para uma alegre confiança no futuro, em vez de terem voltado para aquela ansiosíssima cautela que parecia insultar as possibilidades do esforço e desacreditar da Providência! Fora obrigada a ser prudente na juventude, aprendera o romantismo à medida que envelhecia: a seqüela natural de um começo antinatural.” (Persuasão, Jane Austen)
Ah... Jane Austen! Quem nos apresentou foi Willian Lizardo, querido amigo e prestigiado pianista. Nosso primeiro cumprimento se deu nas lindas paisagens do Derbyshire, na Inglaterra, enquanto lia o magnífico “Orgulho e Preconceito”. Elizabeth Bennet, cujo gênio e beleza dificilmente vi em uma mulher; Mr. Darcy, orgulhoso e carrancudo, inteligentíssimo e nobre, apaixonado perdidamente por Elizabeth, mulher de berço inferior.
Dessa vez, “Persuasão” foi-me apresentado por Sandra Bullock e Keanu Reeves no filme “Casa no Lago”. De início fiquei curioso por descobrir como foi o reencontro de Anne Elliot e seu ex-noivo, Frederick Wentworth, após 8 anos de longa separação. Assim como no filme, o livro retrata a dor e a paciência que o amor pode suscitar numa pessoa, mas por outro lado, também retrata o lamento de uma atitude precipitada.
Srta. Anne Elliot, filha de um Sir, Walter Elliot, herdeira de uma fortuna, se apaixonou por um jovem oficial da marinha. Sim, ele era pobre! A paixão foi avassaladora, arrebatadora... Contudo, como todo amor trágico, ele teve um final. Sua família a convencera de romper o relacionamento, já que o rapaz não possuía alta estirpe. Ela não hesitou. Foi persuadida. Durante 8 anos seu coração lamentou a ausência daquele que lhe conferia sentido. Por 8 anos seus olhos aguardaram o retorno daquele imagem que um dia foi tão próxima. Durante 8 anos deixou de existir, de ser, Srta. Anne Elliot.
Por acasos do destino, ela reencontra seu antigo amado. Ela não é mais a mesma, nem muito menos ele. Tudo estava mudado. O que seria de ali em diante? Ela não saberia responder. Apenas reflete. E sua reflexão me impactou. Jane Austen conhecia minha história, caso contrário, como haveria de escrever os sentimentos que povoam meu coração de forma tão fidedigna?!
Eu devo algo a essa mulher. Não sei bem exatamente o que, por isso, escrevo esse humilde post em homenagem póstuma. À ela, que me apresentou a força do amor que se põe acima de todas as coisas, não se preocupando com que enfrenta.
P.S: Eu já me persuadi de que por maiores que forem as desaprovações familiares, sociais ou religiosas, eu sou o homem mais feliz, apesar disso me custar uma parte mais do que habitual de preocupações e incertezas! Não quero aprender a ser prudente na juventude, mas sim, isso sim, um romântico.