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Da persuasão III

Niterói, 17 de março de 2010


Por mais que considero os outros dois textos sobre a persuasão importantes, creio ser este o mais. Visto que eu já esbocei sobre alguns exemplos de como a persuasão encaminha as pessoas a muitos rumos diversos, não haveria de me aprofundar num ponto do qual já escrevi anteriormente, mas de que sou acusado ainda?

Seja como for, repito-o, verdade eles não proferiram nenhuma ou quase nenhuma; de mim, porém, vós ides ouvir a verdade inteira. Mas não, por Zeus, atenienses, não ouvireis discursos como os deles, aprimorados em nomes e verbos, em estilo florido; serão expressões espontâneas, nos termos que me acorrerem, porque deposito confiança na justiça que digo; nem espere outra coisa quem quer de vós.” (Apologia à Sócrates, Platão)

Como alguns não me devem conhecer, talvez não tenham se dado conta de minha história e de como foi propagado que eu manipulava as pessoas com as palavras, escritas ou faladas. Bem, obviamente que quem diz tais inverdades está preocupado com a manutenção de uma ordem, ou são seus pupilos. Tal ordem significa um conjunto de comportamento, imposto inconscientemente e/ou conscientemente, às pessoas, descaracterizando-as, transformando-as em massa, ferramenta para suas manobras. E quem quer que diga algo que contrarie ou critique tal sistema é irracionalmente taxado de, no mínimo, herege.

Neste ponto que entra a acusação contra mim de que uso de persuasão para levar pessoas a romperem com suas doutrinas. Ora, as palavras têm por si só poder de transformação e de crítica, por isso tais acusações são direcionadas a algo que não existe.

Não acho ruim que digam que tento persuadir seja quem for, já que como disse no texto “Persuasão I”, meu objetivo secundário é persuadir. Meu objetivo não consiste na pretensão de persuadir as pessoas para meu lado em específico, e sim persuadir para que não se deixem persuadir por argumento belo que for, sem que antes os tenha analisado. Se houver, como logicamente haverá aproximação de visões e a aceitação de determinado postulado, que se suceda depois de uma profunda reflexão, nunca antes disso. Tal se sucedeu a mim. Depois de muito pensar, questionar, ouvir, e aprender, decidiu romper com as tradições e com o discurso de terror da instituição religiosa.

Afirmo por fim que não é de meu interesse que as pessoas rompam com a igreja como fiz, e que não caricaturem tantos os seus líderes como eu faço, afinal, trata-se de pontos de vista. Minha luta está em tentar, tendo êxito ou não, mostrar que aceitar sem questionar é para animais.

Saudações.

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