Blogger Template by Blogcrowds.

Mártir

Segue a estória:

"O ano não se sabe mais, por ter se passado há muito tempo atrás. Sabe-se que era a época dos castelos fortificados, dos nobres cavaleiros, e das guerras corpo a corpo.

Era uma Catedral. No centro da cidade. Gárgulas a protegiam e as orações dos sacerdotes mantinham afastado os maus espíritos. Abóbadas embelezavam o teto do santuário, e altas torres faziam vigias nas laterais. Ela se erguia imponente. Todos que por ela passavam mantinham suas cabeças curvadas em sinal de respeito e temor.

O alto clero estava reunido. Crucifixos de ouro, anéis de pedras preciosas, trajes em púrpura. Sorrisos sombrios, olhos compenetrados, corações altivos. O momento era extremamente delicado, exigindo a presença do Pontificiado.

Um réu. Sentado diante do inquisitor. Olhos fitando o nada. Mãos pouco suadas. Coração disrritmado. Uma espera mortal. A respiração se interrompe enquanto a sentença não é lida em voz alta.

Com o documento na mão, o inquisitor do Santo Ofício lê a sentença em voz alta: O réu está condenado à fogueira, e a morte eterna por zombar da Santa Igreja e blasfemar contra o Santo Espírito, pecado dos quais não há perdão. E que através desse ato público, todos tenham conssentimento da sériedade de ser feliz sem cumprir com as ordenças dos santos de Deus, de ser livre sem que o clero liberte, de pensar sem que Sua Santidade, o Papa, dê a devida permissão, e de amar fora dos preceitos da tradição. Todos estes pecados são abomináveis a Deus, portanto, todos que assim procederem receberão a mesma condenação.

Com os olhos fitos no nada, cabeça um pouco pendida, o réu sai carregado pelos cavaleiros da presença dos Santos, preparado para seu destino, sabendo que uma hora haveria de encarar seu final.

E foi assim, o fogo consumia o réu, e de sua fumaça saía a mensagem de que não se podia ser feliz e ao mesmo tempo, ser a felicidade contrária ao santo dogma. Mas talvez, quem estava presente na execução nunca tenha entendido assim."

4 Comments:

  1. Cristianismo Livre said...
    grito e revolta, iconoclastia e liberdade, elementos formadores do pensador livre.

    Mas isso é via de regra?

    O que nos faz pensadores? O que nos faz livres? O que nos faz felizes?

    Lembro-me da máxima profetizada por ZÉ RAMALHO:
    Vida de gado, povo marcado é povo feliz...

    Busco, no momento é o que me resta, a busca - sincero comigo e com o mundo...

    Linda postagem amigo.
    Alan B. Buchard said...
    Há quem viva uma vida de gado e seja feliz. Difícil é viver vida de gado, e saber que gado não é o que de fato se gostaria de ser.

    O que nos faz livres? Nã sei responder, mas talvez possa ser a busca pela liberdade, porque no fundo, não sei bem, creio que nunca seremos totalmente livres.


    Com toda a certeza o que resta de fato é a busca, sim, ela que nos cosumirá todos os dias.
    Até Chegar ao Céu said...
    ahhhh...

    só resta a corrupção e o sistema...

    o que vc é disso tudo?

    meio, parte ou fim?

    "O socialismo é bonito, o comunismo é legal, a anarquia é interessante, mas nos convém seguir o capitalismo, afinal de contas, o mundo é capitalista e o dinheiro é prazeroso."

    Fruto do sistema.... só resta se posicionar em qual lugar dele vc está!
    Alan B. Buchard said...
    Esse fruto está cada vez mais podre, pois sua própria semente, o sistema, fez mais uma vítima.

    PS: Não convém posicionar em nenhum destes lugares

Post a Comment



Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial