UFF, 21 de outubro de 2010
(Onde sentei-me e escrevi... Porque isso me exauri tanto?)
“Eu queria de ter amado assim...”
Às vezes me esqueço de que minha própria história testemunha em favor de mim mesmo e daquilo que vivo. Se me esqueço é porque de mim mesmo me esqueci. Estando eu esquecido, coube a uma pessoa por mim querida, despertar-me.
Eis o que posso ver: uma pessoa que os muitos dias foram distraindo a atenção; uma pessoa em que o excepcional tornou-se corriqueiro; uma pessoa onde o impulso tornou-se inércia; um ser humano que de incêndio tornou-se fogueira; e onde o amor tornou-se simples rotina.
“Eu queria de ter amado assim...”, bastou para que eu mergulhasse novamente nesse mistério que é a loucura de amar. Uma única expressão, fruto de um coração admirado e nostálgico, dita com brilho nos olhos, foi capaz de me envergonhar. E da vergonha, me trazer de volta a esse intenso devir que é o estar amando.
Ponho-me a refletir e a relembrar: minha própria história está em favor de meu amor. Não que isso significasse uma dependência com o passado, que não deve ser quebrada, antes, consiste numa fonte de inspiração para quanto o poeta não tiver sobre o que mais escrever, e para o amante quando se esquecer de porque ama.
Daquilo que havia em mim havia me esquecido. E agora lembrando, afundo-me em nostalgia pelo tempo do esquecimento. Mas ainda assim, sinto-me retornando ao caminho disso que é totalmente incompreendido pelo homem, o amor. E por mais que os ombros estejam encolhidos e os olhos postos ao chão pela tristeza, sinto o coração renovando-se, e sei que em breve voltará a pulsar nos ritmos da dança epifânica que é o amor.
Minha amiga, esta que me despertou do sono do esquecimento, uma vez afirmou que uma única frase dita por mim em resposta a uma de suas perguntas, trouxe a ela uma nova forma de compreender alguns mistérios deste mundo. Mal sabia ela que meses depois seria eu quem despertaria a partir de uma de suas frases.
Minhas sinceras homenagens a você M. E. P.