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Guarapari, 02 de Janeiro de 2011

(Auschwitz-Birkenau atualmente)

Alguns textos e livros provocam a reação dos leitores, como se, uma vez lidos, o problema posto em questão não fosse mais de responsabilidade apenas do autor. Textos, livros ou confissões – como as do post anterior – mechem com a humanidade de cada indivíduo, só não causando efeitos em analfabetos funcionais e homens insensíveis.

O livro de William Styron, A escolha de Sofia, é um romance que trata do Holocausto. Tirando o que é ficção, o relato feito por Höss – enforcado em 1946 – é verídico e, por isso mesmo, tão perturbador.

Há que se espantar, embora não seja novidade alguma, que grande parte das atrocidades feitas pelo nazismo não provinham de soldados, mas de civis: homens e mulheres de afazeres comuns e cotidianos, persuadidos por uma mente sadicamente doente. Como mostrou Styron, o chefe da Gestado, o maior órgão de espionagem nazista responsável por milhões de mortes, foi um criador de galinhas. Himmler, um homem do campo, sem grandes realizações até então, e sem nenhum pingo de auto-crítica promoveu o extermínio de um povo. Contudo, Himmler e Hitler não teriam causado tão grande mal se não fosse o apoio de toda uma população, brilhantemente persuadida.

O efeito da falta de auto-exame aliado a facilidade de persuasão de um povo com o ego condoído, foi desastrosamente responsável pelo maior crime contra a humanidade. Cômico, para não dizer trágico, porém, é a declaração de Höss: “... o ódio é estranho à minha natureza”. Homens como Höss, oficiais nazista, não eram esses monstros que a mídia costuma fazer deles. Pelas confissões é possível perceber que eram homens de carne e osso, sofrendo dilemas de pessoas comuns. “Quando algo me afetava profundamente (...) Minha mulher não podia entender essas minhas depressões...”.

Seres humanos comuns... Por que então permitiram tamanho absurdo? A monstruosidade estava na obediência cega ao Führer, ao partido nazista, à causa ariana. “Tinha recebido uma ordem e cumpria-me levá-la a cabo. Se a exterminação em massa dos judeus era ou não necessária, não cabia a mim opinar, pois me faltava a visão necessária. (...) Eu tinha que parecer frio e indiferente (...) Minha resposta era sempre que a determinação férrea com que tínhamos de cumprir as ordens de Hitler só podia ser conseguida sufocando todas as emoções humanas.

(Holocausto)

Está aí o flagelo da humanidade: mentes irrefletidas, fechadas em seus absolutos, intolerantes com a diversidade alheia com o ego exacerbado, massageado por mentes sádicas e prepotentes. Foi assim com Hitler, foi assim com os atentados de 11 de setembro; é assim com os homens bombas e tantos outros movimentos políticos e religiosos que promovem morte de milhares de pessoas.

Os oficiais de Hitler eram comumente humanos, mas sua determinação em sufocar sua humanidade os impedia de enxergar o mal que faziam. Estavam cegos sabendo, eram monstros sabendo, mas ainda assim, era melhor ser Nazista e lutar pela causa ariana.

Estúpidos...

O Holocausto ficou para trás e hoje Auschwitz-Birkenau é um patrimônio da humanidade pela Unesco, mas o perigo de uma tão fechada em si própria está em todos os lugares, inóspitos ou comuns. Em todos os cantos da sociedade. Em pessoas não exóticas. Pessoas que criam galinhas como criava Himmler.

Judeus, negros, ciganos, gays, todos morreram nas câmaras de Auschwitz... Muitos continuam a morrer. E antes mesmo de eu terminar de escrever este texto, vi na TV sobre paulistas separatistas que agem com violência contra nordestinos, e cariocas que promovem a eugenia. Segunda Guerra foi há 66 anos, mas o flagelo ainda é recente. E se algo não for feito para a repressão e a punição de atitudes tão patológicas, não tardará uma nova Auschwitz!!!

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