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Das confissões de Rudolf Franz Höss

Guarapari, 01 de Janeiro de 2011

(Rudolf Franz Höss - Obersturmbannführer SS)

Os relatos a baixos foram retirados do livro A Escolha de Sofia, de William Styron, e corresponde às confissões do Obersturmbannfürher Rudolf Franz Höss, Comandante do Campo de Concentração Auschwitz-Birkenau, durante os dois anos em que ele esteve à frente daquele lugar. Apesar da fonte donde retirei os relatos possam ser de um romance, eles estão contidos no livro de Constantine FitzGibbon, disponíveis em inglês.

Este post só utilizo para as citações, que por si só são longas. No post posterior a esse farei uma breve análise disso tudo que li.

Que o leitor aproveite a leitura, se enraivecendo ou comovendo, conforme convém a cada um....

♦♦♦

“A crueldade real, a crueldade sufocante de Auschwitz – sombria, monótona, estéril, tediosa – foi perpetrada quase que exclusivamente por civis. Daí descobrimos que as folhas de funcionários e membros das SS destacados para os campos de Auschwitz-Birkenau quase não continham soldados profissionais, mas eram compostas de um pot-pourri da sociedade alemã, incluindo garçons, padeiros, carpinteiros, donos de restaurantes, médicos, um guarda-livros, um empregado dos correios, uma garçonete, um bancário, uma enfermeira, um serralheiro, um bombeiro, um oficial da alfândega, um advogado, um fabricante de instrumentos musicais (...) a lista prossegue com essas ocupações comuns e bem civis. Basta apenas acrescentar que o maior exterminador de judeus da história, o medíocre Heinrich Himmler (Chefe da Gestapo), era criador de galinhas.” (William Styron sobre a situação civil na Alemanha nazista - A escolha de Sofia p. 191)

“Devo deixar bem claro que nunca odiei pessoalmente os judeus. É verdade que os considerava como inimigos do nosso povo. Mas só por causa disso eu não fazia diferença entre eles e os outros prisioneiros e tratava-os todos da mesma maneira. Nunca fiz qualquer distinção. De qualquer forma, o ódio é estranho à minha natureza.” (R. F. Höss - A escolha de Sofia p. 191)

“Quando, no verão de 1941, o Reichsführer SS (Himmler) em pessoa me deu ordem para preparar em Auschwitz instalações destinadas ao extermínio em massa, eu não tinha a menor idéia da sua escala ou das suas consequências. Foi, sem dúvida, uma ordem extraordinária e monstruosa. Não obstante, as razões que a motivavam me pareciam certas. Na ocasião, não refleti sobre elas. Tinha recebido uma ordem e cumpria-me levá-la a cabo. Se a exterminação em massa dos judeus era ou não necessária, não cabia a mim opinar, pois me faltava a visão necessária.” (R. F. Höss - A escolha de Sofia p. 192)

“Eu tinha que parecer frio e indiferente a acontecimentos que teriam partido o coração de algum dotado de sentimentos humanos. Não podia sequer desviar os olhos quando temia que minhas emoções viessem à tona. Tinha que assistir friamente, enquanto as mães, carregando os filhos, risonhos ou chorosos, entravam nas câmaras de gás...” (F. R. Höss - A escolha de Sofia p. 192)

“Tinha de olhar pelo olho-mágico das câmaras de gás e contemplar o processo da morte, porque os médicos faziam questão de que eu assistisse... O Reichsführer SS enviou vários líderes do partido e oficiais da SS a Auschwitz, para verem com os próprios olhos como se processava o extermínio em massa dos judeus... Várias vezes me perguntaram como é que eu e os meus homens podíamos assistir continuamente a essas operações e agüentar firme. Minha resposta era sempre que a determinação férrea com que tínhamos de cumprir as ordens de Hitler só podia ser conseguida sufocando todas as emoções humanas.” (F. R. Höss - A escolha de Sofia p. 193)

“Depois que o extermínio em massa começou, eu já não me sentia feliz em Auschwitz... Quando algo me afetava profundamente, eu não podia voltar para casa e para a minha família. Montava no meu cavalo e galopava até ter apagado da mente a horrível cena. Muitas vezes, à noite, eu ia até as cavalariças, procurar alívio entre meus queridos animais. Quando via meus filhos brincando, felizes, ou minha esposa encantada com o caçula, eu pensava: Até quando nossa felicidade irá durar? Minha mulher não podia entender essas minhas depressões e as atribuía a algum aborrecimento relacionado com meu trabalho.” (F. R. Höss - A escolha de Sofia p. 193)

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