Niterói, 03 de abril de 2010
O retrato de Dorian Gray ( E. d'Ete)
"Não vejo qualquer semelhança entre você, com esse rosto rugoso, forte, esses cabelos pretos, carbonizados, e o jovem Adonis, feito, ao que parece, de marfim e pétalas de rosa. Porque, meu caro Basil, ele é um Narciso, e você... Bem, claro, você tem uma expressão intelectual, e coisa e tal. Mas a beleza, a beleza verdadeira, termina onde se inicia a expressão intelectual. O intelecto é, por si só, um modo de exagero; destrói a harmonia de qualquer rosto." (O retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde)
Henry Wotton está diante do lindo retrato de Dorian Gray. Estupefado com tanta beleza, dirige-se ao amigo e autor da obra Basil Hallward, dizendo-lhe que não via semelhança entre a obra e este, que anteriormente afirmara: "coloquei nele (quadro) muito de mim mesmo". Ora, para ele, Wotton, a beleza não pode se atrelar com a inteligência. Ela estraga a beleza. Por isso, para ele, Gray "é uma dessas criaturas sem cérebro, lindas, que sempre deveriam estar por perto no inverno, quando não temos flores para olhar, ou no verão, quando sempre queremos algo para nos refrescar a inteligência".
Haverá quem discorde dos pensamentos de Henry Wotton, contudo, pensando estatísticamente, é difícil encontrar alguém feio num Pânico na TV, ou numa novela da Globo, ou quem sabe, num cd religioso. Há quem discorde, eu...