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De Dorian Gray

Niterói, 04 de abril de 2010


– A história é muito simples – disse o pintor, algum tempo depois. 
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-- Há dois meses, compareci a uma recepção na residência da lady Brandon. Você sabe que nós, pobres artistas, temos que, de tempos em tempos, nos exibir em sociedade apenas para lembrar ao público que não somos selvagens. De fraque e gravata branca – foi você quem mo disse, um dia – qualquer pessoa, até mesmo um corretor de valores, consegue a fama de civilizado. Bem, eu estava na sala, já fazia uns dez minutos, conversando com umas matronas imensas, de trajar exagerado, e com uns acadêmicos entediantes, quando, de repente, tive consciência de quem alguém me olhava. Dei meia-volta e, pela primeira vez, vi Dorian Gray. Quando nossos olhos se encontraram, senti-me empalidecer. Fui tomado por uma sensação curiosa, de terror. Sabia que deparara, frente a frente, com alguém cuja personalidade, por si só, tão fascinante, me absorveria, caso eu o permitisse, toda a natureza, toda a alma, minha própria arte, e eu não desejava influências externas em minha vida. Você mesmo sabe, Harry, quanto eu, por natureza, sou independente. Sempre fui meu próprio dono; sempre o fui, pelo menos até encontrar Dorian Gray (...) Algo parecia dizer-me que eu me encontrava à beira de uma crise terrível em minhas vida. Tomava-me a sensação estranha de que o Destino guardara, para mim, alegrias requintadas, tristezas requintadas. (...) Nossos olhos mais uma vez se encontraram. Imprudência minha, pedi a lady Brandon para apresentar-me a ele. Talvez não tenha sido tanta imprudência, afinal. Foi apenas inevitável, pois teríamos conversado um com o outro, mesmo sem apresentação. Tenho certeza que sim. Depois, Dorian disse a mesma coisa, pois ele, também, senti que estávamos destinados um para o outro.” (O retrato de Dorian Gray)
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O belíssimo Dorian Gray. Com descrições dessas somadas às de Lorde Henry Wotton: “Era mesmo muito bonito, os lábios escarlates bem torneados. Havia algo, naquele rosto, que fazia com se acreditasse nele imediatamente. Ali estava toda candura e também a pureza passional da juventude. Sentia-se que o jovem se mantivera inatingido pelo mundo.”, difícil não se apaixonar por esse estranho personagem. Figura enigmática, bela, e narcísica!
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Quando Basil Hallward se depara com tal rapaz, ele é arrebatado. Viria mais tarde a declarar: “senti que estávamos destinados um para o outro”! Isso... é a experiência do belo, misturado à paixão, juntamente com o mistério, que produz o amor. É minha experiência com meu amor, meu próprio rapaz belo, apaixonado, enigmático. Meu próprio Dorian Gray. E assim como Basil foi abduzido até os céus de Eros, eu também lá parei quando vi pela primeira vez meu amado.

1 Comment:

  1. reiti said...
    só vc sabe como me sinto quando sou o "centro" dos seus livros!! longa conversa né... rsrs

    te amo meu principe ^^

    thó

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