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Do parar no tempo

Niterói, 03 de abril de 2010



"Mas, na Igreja, acontece, ninguém pensa. Aos oitenta anos, o bispo diz a mesma coisa que o mandaram dizer quando ainda era garoto de dezoito anos; e, como consequência natural, permanece inteiramente encantador." (O retrato de Dorian Gray)

Continua Wotton com sua teoria da beleza vs inteligência! Dessa vez ele analisa o clérigo. Estes, são sempre belos, afinal, não pensam.

Saindo um pouco da esfera da Estética, da preocupação e conceituação do belo, dirijo-me ao fato que Oscar Wilde já percebera em sua época. "o bispo diz a mesma coisa que o mandaram dizer quando ainda era garoto de dezoito anos". Essa é uma característica da sistemática da religião. O que foi aceito em determinada época da tradição, assim permanece ao longo de anos, centenas deles, até milhares! A historicidade de determinada "história" religiosa não é posta à prova mesmo que o avanço da arqueologia; os dogmas não são revistos mesmo com as inovações da ciência; a mentalidade não é reestruturada mesmo com o apogeu da era da informação, do conhecimento, do saber.

Parece existir uma espécie de estagnação mental! O que um religioso aprendeu com dezoito anos, permanece o mesmo quando este possuir oitenta. Marasmo. Recalque. Uma existência toda abandonada às traças. Algo que estranho e que lamento. Um ponto negativo da religião, de todas em comum, é este engessamento ideológico-cultural-racional. Algo que só faz com que elas sejam ainda mais fanáticas, irracionais, soberbas, pretensiosas.

Se o bispo aprende algo que mandaram ele aprender com dezoito, e continua propagando isso com oitenta, só posso lamentar-me por aqueles que comungam desta fé pregada por este clero. O que visivelmente não é lamentado pelos fiéis.

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