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Do pensamento de Henry Wotton

Niterói, 04 de maio de 2010

Influenciar uma pessoa é dar a ela a própria alma. Ela passa a não pensar com seus pensamentos naturais. As virtudes que possui deixam de ser, para ela, reais. Os pecados que comete, se é que existem pecados, são todos tomados por empréstimo. Ela se torna um eco de música de outrem, ator de papel não escrito para ela. (...) Hoje em dia, as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram-se da mais elevada das obrigações, a obrigação que devemos a nós mesmos. Mas, é claro, são caridosas. Alimentam os famintos, vestem os mendigos. A alma delas, entretanto, sente fome, está nua. (...) O terror da sociedade, base de toda moralidade, o terror de Deus, segredo da religião... são essas duas coisas que nos governam. (...) Creio que, se o homem vivesse uma vida plena, completa, se desse forma a toda sensação, expressão a todo pensamento, realidade a todo sonho, creio que o mundo conquistaria um impulso tão novo de alegria que nos esqueceríamos de todos os males do medievalismo e retornaríamos ao ideal helênico, a algo mais requintado, mais substancial mesmo, quem sabe. (...) [mas] a autonegação que desfigura nossa vida. Somos castigados por nossas recusas. (...) Resista, e a alma adoecerá, na saudade das coisas que proibiu a si mesma, no desejo por aquilo que suas leis monstruosas tornaram monstruoso, ilegal. Tem-se dito que os grandes eventos do mundo ocorrem no cérebro. É no cérebro, apenas no cérebro, que ocorrem, também, os grandes pecados do mundo.”(O retrato de Dorian Gray)

Um trecho complexo este. Possui em si, no mínino, três pontos a serem discutidos, e que podem gerar muitas visões interessantes. As palavras escritas acima, novamente, saem da boca de Lorde Henry Wotton. Um grande homem, a propósito. Um típico inglês, mas só nas aparências, já que sua mente era menos ortodoxo do que seus contemporâneos. As frases saem dele, mas os pensamentos saem do autor, Oscar Wilde. Cabe a cada um por si só ler as palavras de Wilde, e pôr-se a pensar.

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