Niterói, 08 de março de 2010
Estaria totalmente incompleto se ao longo destes textos que trato da aceitação de si mesmo eu não me referi-se ao maior de todos os sentimentos, o Amor!
Percebe-se lendo a trajetória de minha emancipação dos antigos dogmas e doutrinas que tanto vetavam minha existência, encarcerando-a em prisões da chantagem religioso-emocional, o predomínio de uma razão crítica que passou a questionar e desconstruir todos os pressupostos espirituais que herdei e dos quais não havia realizado um exame para certificar-me que se tratava de algo benéfico. Não creio pois, que toda a proposta do Antigo Testamento ou dos Evangelhos devam ser descartados, mas toda aquela que não diz respeito a valores universais e atemporais.
Apesar de toda criticidade em meu processo de libertação, o amor que nutro pela pessoa que eu mais amo na vida se traduziu em uma força tão propulsora que se, talvez, não existisse, esse processo consumiria muito mais tempo.
Não é de se admirar que o amor acelerou minha caminhada rumo à aceitação, até porque foi necessário que me resolvesse mentalmente para que possuísse um relacionamento saudável. Vale considerar que o amor é subversivo, não respeita padrões e não é impedido por barreias, sejam elas quais forem. Em toda história da humanidade, o amor foi considerado por muitos como loucura e leviandade, uma vez que uniu pessoas de classes sociais tão contraditórias, ou pessoas de idade tão separadas, e até mesmo uniu pessoas de famílias tão odiadas. À exemplo, o amor do filósofo Abelardo pela sua querida Heloísa, que lhe custou a castração por parte do tio da menina que não aceita o relacionamento de garota tão nova, e homem tão mais velho. Para não falar de Tristão e Isolda, de Romeu e Julieta, de Mr. Darcy e Elizabeth Bennet e tantos outros.
Quando se ama a si mesmo passa a existir uma grande necessidade de se auto-compreender e se entregar a um amor que é grande e profundo, diferente de tudo e de todos. Quando se ama alguém o coração anseia ardentemente viver esse lindo amor, e o amante é levado a romper com todos os entraves para sua felicidade. O que ele só quer é amar e ser amado, independente sim, de tudo!
Termino afirmando que quando se está apaixonado e sua felicidade depende exclusivamente de si mesmo se encontrar, não há o que fazer a não ser se aceitar.
Bem, é um prazer tê-la aqui, e um desprazer não me lembrar quem é você. No mais, agradeço os votos de felicidade dirigida a mim e minha família. Sabes bem, como és educadora, que vivemos num mundo onde o próprio conhecimento não é tão mais absoluto, e a didática do ensino por vezes subversiva, e neste, resta-nos abrirmos a nossa mente e dialogarmos com as demais visões que nos rodeiam. Por isso, honro-me de ter um comentário como o seu, afinal, mesmo que não concordemos com determinadas visões, defenderemos até a morte o direito de dizê-las. Reafirmando o que disse Voltaire.
Se fosse possível, gostaria que por email (alanbuchard@hotmail.com) você pudesse me elucidar a memória, para que eu possa lembrar-me de você.
Sobre o assunto que abordo neste e nos demais post, que dizem sobre a orientação sexual, fique a vontade para dizer o que pensas e a debater.
Minhas sinceras saudações