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Da ilusão e da aceitação

Niterói, 14 de março de 2010


Que direi daquelas esperanças que um homem tão sobrecarregado de sofrimentos possui de um dia ver seus martírios findados de uma vez por todas? O que este não daria por um dia, um ínfimo de 24 horas que seja, onde não fosse perturbado por seus flagelos?

Poucas respostas existem que sirvam de consolo para um eterno sofredor, e mais raro ainda aqueles que, numa atitude de piedade, dirigem-lhe palavras que o ajudem a libertar-se de seus jugos. Para estes que andam curvados pelo peso que carregam, pouco resta-lhes, a não ser a ilusão.

Poderíamos comparar a ilusão como uma miragem. Ora, para que muito está sedento de algo, sua mente criará imagens que lhe sirvam de consolo, imagens que façam que o indivíduo se empenhe uma última vez. E por mais que o objeto em si não exista, seus sentidos o engana e ele se deixa levar pela ilusão que de tão concreta parece real. Na vida de quem quer que seja onde a ilusão está presente, ela exerce seu efeito que é semelhante ao do ópio, cegando-lhe o entendimento para que não enxergue que é a ilusão a causadora de todos os seus males.

Portanto, durante muitos anos a ilusão impede a existência de uma vida plena onde estão ausente os flagelos, o sangue, à dor, o martírio, o sangue, o choro, os complexos, os recalques. O véu que causa a cegueira existencial furta do ser humano toda a sua história, deixando-lhe apenas o lamento pela vida perdida.

Ora, com toda certeza havemos de afirmar que existe a possibilidade de se obter uma vida plena em si mesmo. Uma existência que permite ao homem viver todos os momentos quer sejam maus ou ruins, prósperos ou abstenho. Tal vida é completamente possível ao passo que cada pessoa se lance ao questionamento de si, do mundo que o cerca e dos valores que herda. Se de forma alguma o indivíduo se lançar a questionar a veracidade de suas ilusões, elas permaneceram tal como estão: cegando-lhe.

Pois, que direi ao sofredor que em sua esperança ilusória permanece vivendo para cumprir desejos e ordem de outros? Que lhe direi ao não ser que possui um sentimento inexistente, uma vontade forçada, um namoro para tentar, um noivado para disfarçar, um casamento de fachada, uma mulher abandonada, um amante ocultado, filhos enganados, um coração dilacerado?

Que direi ao iludido para que desfaça sua ilusão? Que poderei mais dizer a não ser apelar para que conheça a si mesmo, que não se engane, que se aceite – mesmo que não publicamente? Que posso mais fazer do que me compadecer de suas vidas prostituídas pela mentira, do que escrever essas linhas? Imploro para que escolham por si, antes que a morte os impeça. E quanto a divindade: se realmente vão para o inferno os afeminados, não há outro caminho também para aquele que vive em falsidade. Se Deus aceita os mentirosos e não aqueles que dizem a verdade, digo-lhes que Sua companhia não lhes servirá de nada.

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