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Do superego e da aceitação

Niterói, 18 de fevereiro de 2010



Começo com o pai da Psicanálise: Sigmund Freud. Precursor do estudo da psique humana, inovador em suas teorias. Freud deu uma nova alavancada no estudo da Psicologia, que até então estava concentrada no comportamento dos seres humanos, como se observa nas escolas Behaviorista e Gestaltiana. Em suas várias teorias, Freud formula a teoria do ID, EGO e Superego.
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Id, ego e superego são considerados pelo pai da psicanálise como subdivisões mentais da mente do homem, que são responsáveis pelas ações, pensamentos e sensações. ID consiste na “animalidade do homem”, nos impulsos que manterão a existência, tais como fome, sede, dor, medo, frio, calor, sexo. O super-ego é formado pelas características que absorvemos desse o nosso nascimento e que possui relação direta com os parâmetros legais, éticos, culturais, morais, religiosos e sociais. E, por fim, o ego é o poder de decisão, a balança que penderá para um lugar ou para outro.
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Na vida de casa pessoa esses 3 aspectos de sua mente influenciarão suas tomadas de decisão, mesmo que nada se saiba sobre a teoria do ID, EGO e SUPER-EGO de Freud. O que se observa, referente à essas faculdades da mente humana, diz respeito à mentalidade religiosa presente na grande maioria das pessoas. No caso das comunidades religiosas, o super-ego que é responsável pela inibição ou incitação de pensamentos, atitudes ou falas é grandemente desenvolvido. À exemplo, quando há uma crença na existência de um deus absoluto preste a castigar ou prosperar um povo de acordo com suas atitudes, comumente, os mantenedores da religião elaborarão uma longa lista de “direitos e deveres” que será imposta aos fiéis. Durante vários anos essa lista formará o pensamento que será corriqueiro entre estes fiéis, ao passo que tudo o que for contra então à esta mentalidade, o super-ego exercerá um bloqueio.
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No tangente à aceitação não haveria de ser diferente. Lembro-me dos anos de 2006, 2007 e 2008 – com menor intensidade – quando fui vítima de minha própria mente. Seu super-ego extremamente desenvolvido inibia todos meus sentimentos e desejos, criando várias espécies de recalques e paranóias.
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Nestes anos a minha herança religiosa - como venho dizendo - me tornou alguém que por mais que tentasse me persuadir, eu não era. Como medo de ser destinado ao inferno, assumi como unicamente correto a conduta heterossexual, já que somente ela é bendita em textos sagrados antigos. Temendo ser rejeitado pelos homens passei a contar histórias sobre garotas que nunca existiram e encontros que nunca aconteceram. E para não ter recaídas que me comprometessem me afoguei em compromissos, em projetos, em reuniões, de forma que depois de vencido pelo cansaço não me restasse forças para mim mesmo.
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Meu super-ego fora toda contaminado por uma visão mítica, retrógrada e seletista. Mítica pois se compreendia a partir de um “mundo conhecido e disponível, em que vive o ser humano, que não possui em si fundamento e alvo, mas que, contrariamente, seu fundamento e seu limite residem fora da esfera do conhecido e do disponível”, como diria Rudolf Bulltmann ( “Demitologização”, p. 14). Retrógrada por ser fruto de uma época em específico, e em nada abrangente. Seletista pelo fato de ser pretensiosa ao se considerar como crença absoluta e correta.
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E o que vejo hoje é que muitos também se decidem pela falsidade em nome de uma verdade que muitos afirmam ser a “verdadeira”, trazendo para si mesmos essa visão, que aos poucos se tornará constituinte de seu super-ego, e que no final inibirá toda a sua existência.
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Infelizmente não sabemos definir e/ou separar o que em nossa mente vem a ser construção cultural daquilo que chamado de essência universal, ou seja, princípios que perpassam os séculos. E por conta dessa incapacidade muitos vivem atrelados ao seu super-ego carcerário, sem saberem que existe a possibilidade de liberdade.

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