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Sobre manutenção da ordem

Vivemos no chamado pós-modernismo do século XXI, contudo, carregamos o obscurantismo da Idade Média, no que tange as questões de cunho religioso.
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Fazendo referência aos meu companheiros de debate, Jonathan e Tiago, no curso de Teologia do STBSB, observo o notável interesse destes em organizar uma comunidade religiosa onde fosse possível o diálogo com a ciência e com a filosofia. Tendo como objetivo a formação confessionária dos membros da comunidade, sem que para isto, fosse preciso aliená-los do mundo. Postura honrosa ao meu ver, dado o encarceramento intelectual presente na maioria das instituições religiosas.
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Creio que não seja o único motivo, mas em maioria, há um grande receio por parte dos líderes eclesiásticos - mesmo que inconsciente - de que a ordem que deu certo em suas comunidades de fé seja perturbada por uma nova ordem de pensar e agir, de indivíduos intelectualmente adultos, uma vez que o poder que é conferido ao líder é proveniente da falta de conhecimento que grande parte das pessoas têm acerca de Deus, como Ser que se relaciona com o homem, necessitando, portanto, de uma figura para intermediar seu relacionamento com o Supremo; da instituição religiosa, e a forma adequada dela se relacionar com o mundo que a cerca, depositando assim, nas mãos do líder, o que devem pensar sobre assuntos polêmicos como pesquisa com células-tronco, aborto, homossexualidade, Aids, fanatismo religioso traduzidos em crimes contra a humanidade; e de sua própria história, no que diz respeito à tradição, à liturgia, à forma de governo, e aos credos confessionais.
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Cria-se dessa forma uma bolha que segregará a instituição que se considera santa, do mundo que afirma ser mundano, numa espécie de alienação proposital. De forma que o sistema que vigora desde a Idade Média, não sofre alteração. E se por acaso algo venha perturbar essa ordem, a cúpula que organiza o sistema, reunirá forças para expulsar o elemento perturbador para que a instituição permaneça santa.
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Termino transcrevendo um trecho do livro "Depois da Religião" de Lucy Ferry e Marcel Gauchet: " Dito de outra forma, a necessidade religiosa não é - ou, em todo caso, nada permite afirmá-lo com certeza - algo como uma dessas categorias transcedentais da experiência humana, como se a religião estivesse inscrita desde sempre e para sempre na configuração essencial do ser humano. A religião pertence, ao contrário, a um período passado e ultrapassado da história. Ela tem um começo e um fim. Pode-se imaginar uma organização social de seres humanos definitivamente sem religião, sem que com isso as velhas ameaças da Igreja nos caiam sobre a cabeça e sem que, forçosamente, essas sociedades sem religião, puramente humanas, estejam fadadas ao totalitarismo ou, quem sabe, a alguma catástrofe qualquer, ao imoralismo, ao materialismo etc." (Depois da Religião, L. Ferry e M. Gauchet, p. 22)
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PS: Principalmente a parte em amarelo deixa explicito que muito dos comentários dos líderes eclesiásticos sobre a necessidade de se manter uma ordem, não são necessariamente verdadeiro, pois não é por falta de DOUTRINA ou DOGMA que uma sociedade estaria fadado ao imoralismo ou coisa do tipo.

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